Passavam poucos minutos das cinco da manhã quando foi dado o alerta.
O fogo teve início na Rua do Ouro, nos Armazéns Grandella.
A conjugação de vários factores adversos, com destaque para generalizadas condições de insegurança no espaço físico, fez propagar as chamas aos Armazéns do Chiado e a outros edifícios contíguos, nomeadamente, da Rua do Carmo, da Rua Garrett e da Rua Nova do Almada.
Sem demora, Lisboa tornou-se uma cidade ferida no coração e ocupada por bombeiros de diferentes proveniências.
A todo o transe, sapadores e voluntários travaram uma luta desigual em seis frentes, expostos a temperaturas elevadíssimas que chegaram a atingir os 1700 graus.
Nenhum dos operacionais envolvidos havia visto e participado num incêndio urbano de tamanha severidade, considerado como sendo o maior de sempre depois do terramoto de 1755.
Estiveram a trabalho 1680 bombeiros, 316 veículos e 127 agulhetas.
Foi dado como circunscrito às 11h00, dominado às 15h10 e extinto às 17h50.
Por sua vez, o rescaldo e a prevenção prolongaram-se, respectivamente, até aos dias 5 de Setembro e 22 de Outubro.
O desempenho extraordinário de todos, sem excepção, apesar das insuficiências existentes nos domínios da formação, organização e segurança no combate, motivou a deslocação, a Lisboa, no próprio do dia do incêndio, de técnicos da Escuela de Bomberos de Madrid, para efeitos de estudo.
Além de um civil, registou-se a morte de um bombeiro sapador, Joaquim Diogo Catana Ramos, e o ferimento de 60 bombeiros.
Os prejuízos materiais atingiram os cinco milhões de contos.
"O incêndio do Chiado foi o acontecimento que marcou a história e a mudança de
paradigma dos Bombeiros e da cultura sobre as medidas de proteção contra incêndios em
edifícios", é a conclusão que se retém, na base de abordagens académicas.