ACTUALIDADE Integrada nas comemorações dos 95 anos dos Bombeiros Voluntários de Mangualde, foi inaugurada uma exposição fotográfica alusiva à história da instituição, que estará patente até ao final do ano. | A Assembleia Municipal de Lisboa, reunida no dia 6 de Fevereiro, aprovou uma recomendação à Câmara onde é defendida a instalação do Museu do Regimento de Sapadores Bombeiros "num espaço digno e com as condições adequadas para a preservação da valiosa coleção, procurando dinamizar este equipamento nas suas diversas valências". | Os Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique sugerem o nome do histórico Comandante Armando de Matos Fernandes para novo ajardinamento em redor à Igreja de Santo Condestável.

 

10 de junho de 2022

FERNANDES, A ESCADA QUE INSPIROU MAGIRUS


Pesquisa/Texto: Redacção F&H

Os bombeiros portugueses podem e devem sentir-se orgulhosos da sua história, inclusive pela invenção de aparelhos de socorro.
O ano de 1871 marca um notável avanço: a entrada ao serviço da escada Fernandes, precursora da Magirus, da autoria de João Fernandes, 1.º Patrão do Corpo de Bombeiros Municipais de Lisboa, actual Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa.



Idealizada em 1859, ou seja, 12 anos antes da sua apresentação oficial, a primeira escada giratória e extensível de que há conhecimento no nosso país ficou a dever-se ao próprio meio físico lisboeta, designadamente, os edifícios de grande altura e as ruas estreitas dos bairros da cidade.

A frequente ocorrência de grandes incêndios preocupava os bombeiros, sobretudo, quando eclodidos nos andares mais altos, porquanto as escadas portáteis eram manifestamente limitadas e impediam o acesso às janelas, sacadas e coberturas das construções, dificultando os trabalhos de extinção e salvamento.

Com o aparecimento da escada Fernandes, compreendendo o sistema de deslizamento dos lanços uns sobre os outros, as condições de intervenção tornaram-se menos complexas, apesar de ser um engenho muito pesado, cujo veículo de transporte exigia grande número de homens na sua movimentação.

Os anais da história registam que o alemão Conrad Dietrich Magirus, de visita a Lisboa, assistiu à utilização do equipamento português e revelou interesse pelas suas potenciais características.

Na verdade, aquela escada apresentava facilidade de manobra e distinguia-se, técnica e eficazmente, dos modelos adoptados no estrangeiro. De resto, consta ainda que o célebre Magirus se inspirou no mecanismo concebido por João Fernandes para aperfeiçoar as suas escadas, que a partir de 1886 ganharam movimento circular.

Antes, porém, em 1873, Lisboa já dispunha da segunda escada Fernandes, por iniciativa de comerciantes da capital, pois reconhecendo estes a mais-valia de tal meio de combate a incêndios, prontificaram-se a lançar uma subscrição pública, a favor da respectiva construção.

João Fernandes, que chegou a chefiar o sector do material da Inspecção-Geral dos Incêndios de Lisboa, foi louvado e condecorado pelo seu feito.

Mantido até aos nossos dias, o exemplar original do também designado carro de escadas Fernandes é propriedade da Câmara Municipal de Lisboa e faz parte do acervo do Museu do Bombeiro.