ACTUALIDADE Integrada nas comemorações dos 95 anos dos Bombeiros Voluntários de Mangualde, foi inaugurada uma exposição fotográfica alusiva à história da instituição, que estará patente até ao final do ano. | A Assembleia Municipal de Lisboa, reunida no dia 6 de Fevereiro, aprovou uma recomendação à Câmara onde é defendida a instalação do Museu do Regimento de Sapadores Bombeiros "num espaço digno e com as condições adequadas para a preservação da valiosa coleção, procurando dinamizar este equipamento nas suas diversas valências". | Os Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique sugerem o nome do histórico Comandante Armando de Matos Fernandes para novo ajardinamento em redor à Igreja de Santo Condestável.

 

16 de fevereiro de 2024

"A GUERRA DA PAZ", POR JOSÉ HERMANO SARAIVA


Pesquisa/Texto: Redacção F&H

O saudoso Professor José Hermano Saraiva (1919-2012), sinónimo de excelência na divulgação da história e na arte de comunicar, afirmou, em 1999, no programa televisivo "Horizontes da Memória", que "os bombeiros voluntários portugueses fazem parte, de certo modo, da paisagem humana em Portugal".
"A Guerra da Paz", assim se intitula o episódio que aqui destacamos, uma breve história da luta contra o fogo e dos seus combatentes, realizada pela Videofono, disponível entre o vasto património audiovisual da RTP Arquivos.



Inesquecível pelo efeito dinâmico e pedagógico da sua apresentação, o grande e apreciado historiador leva-nos a visitar Lisboa antiga, cidade martirizada pelos incêndios.

O ponto de partida é o Quartel do Comando do Regimento de Sapadores Bombeiros de Lisboa, sediado na Avenida D. Carlos I, ex-Companhia de Bombeiros de Lisboa (1834), primeira identificação adoptada pelos bombeiros municipais, os quais ao longo dos tempos vieram a conhecer outras denominações, em consequência de várias reformas: Corpo de Bombeiros Municipais de Lisboa (1852), Corpo Municipal de Salvação Pública de Lisboa (1925) e Batalhão de Sapadores Bombeiros de Lisboa (1930).

Vibrante, como sempre, no seu discurso narrativo, José Hermano Saraiva exalta o altruísmo da generalidade dos bombeiros, historicamente comprovado na prestação do socorro, por vezes, de tal maneira arriscada nas suas condições, chegando a causar mortes em serviço.

Durante cerca de meia hora, "Horizontes da Memória" oferece-nos conhecimento essencial sobre as origens e os fenómenos sociais caracterizadores do serviço de incêndios no nosso país, recuando até 1395, consoante está convencionado, ano do estabelecimento das primeiras medidas de organização e combate, através de carta régia de D. João I.

Depois faz uma incursão pela Lisboa romântica, para se focar no surgimento dos bombeiros voluntários, em 1868, por iniciativa de Guilherme Cossoul, fundador da Companhia de Voluntários Bombeiros, que mais tarde veio a designar-se Associação dos Bombeiros Voluntários de Lisboa.

O papel dos aguadeiros no abastecimento das bombas e a projecção internacional dos bombeiros portugueses, alcançada quando do Concurso Internacional de Bombeiros, realizado em Paris, no ano de 1900, onde se sagraram vencedores, são também motivo de referência por parte do prestigiado académico.

Já na recta final do programa, continuando a seguir uma linha evolutiva de ordem cronológica e factual, José Hermano Saraiva mostra-nos aquele que foi o primeiro veículo motorizado do Corpo de Bombeiros Municipais de Lisboa. Trata-se de um exemplar de origem francesa, da marca Brasier, de 1906, ex-carro de turismo, que a partir de 1912 passou a servir como auto pronto-socorro.

Resumidamente, eis o conteúdo de "A Guerra da Paz", cuja visualização se recomenda. Aliás, consideramos que devia ter carácter obrigatório, na formação para ingresso na carreira de bombeiro voluntário, um módulo dedicado à história dos bombeiros portugueses, onde, por exemplo, entre outros suportes didácticos de apoio, o episódio em apreço de "Horizontes da Memória" teria todo o cabimento. Prometemos voltar a este assunto, porque conhecer a história torna-se fundamental para preservar a identidade das instituições.