ACTUALIDADE Integrada nas comemorações dos 95 anos dos Bombeiros Voluntários de Mangualde, foi inaugurada uma exposição fotográfica alusiva à história da instituição, que estará patente até ao final do ano. | A Assembleia Municipal de Lisboa, reunida no dia 6 de Fevereiro, aprovou uma recomendação à Câmara onde é defendida a instalação do Museu do Regimento de Sapadores Bombeiros "num espaço digno e com as condições adequadas para a preservação da valiosa coleção, procurando dinamizar este equipamento nas suas diversas valências". | Os Bombeiros Voluntários de Campo de Ourique sugerem o nome do histórico Comandante Armando de Matos Fernandes para novo ajardinamento em redor à Igreja de Santo Condestável.

 

26 de abril de 2024

EVOCANDO UM ACONTECIMENTO TRANSVERSAL


"Em suma, o quadro político saído do 25 de Abril veio harmonizar a vida dos bombeiros em Portugal e satisfazer antigas e justas reivindicações que, uma vez formalizadas como medidas de solução, serviram e comprovaram a sua eficácia durante um longo período, terminado abruptamente para dar lugar a forçadas opções." 



Há 50 anos, a revolução do 25 de Abril configurou o país numa nova realidade e contagiou os cidadãos e a sociedade civil em torno da construção de um futuro próspero.

Relativizar o impacto da mesma na transformação dos bombeiros portugueses constitui um erro histórico.

Assim, neste dia e nesta evocação, oferece-nos apontar que a instauração do regime democrático proporcionou um conjunto alargado de mudanças e vantagens à Instituição-Bombeiros, sob o impulso da acreditada Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), também ela submetida pouco tempo depois a um processo de reestruturação e fortalecimento do seu projecto e da sua organização interna, designadamente, através da criação das federações distritais, enquanto órgãos da Confederação.

Não fosse a dinâmica cívica gerada na ocasião, da responsabilidade de um novo tipo de dirigismo, bem reflectido em desassombradas ideias e acções legitimadas nas mobilizadoras assembleias de delegados e congressos da LBP, os bombeiros portugueses nunca teriam visto alcançada, por exemplo, a institucionalização do Serviço Nacional de Bombeiros (SNB) e tudo aquilo que de positivo dele emanou e modificou, progressivamente, a gestão das associações e a intervenção dos corpos de bombeiros. 

A partir de então foram várias e em número considerável as melhorias introduzidas ao nível de financiamento, renovação de veículos, construção de quartéis, formação técnico-operacional e protecção social, inegáveis conquistas do sector junto de sucessivos governos. Algumas delas, porém, a dado passo, consubstanciadas na existência do SNB, não mereceram suficiente importância por parte dos representantes das estruturas dos bombeiros, acabando por perder efeito no contexto de precipitadas reformas legislativas que conduziram a Instituição-Bombeiros ao actual estado de fragilização, indefinição e incerteza.

Em suma, o quadro político saído do 25 de Abril veio harmonizar a vida dos bombeiros em Portugal e satisfazer antigas e justas reivindicações que, uma vez formalizadas como medidas de solução, serviram e comprovaram a sua eficácia durante um longo período, terminado abruptamente para dar lugar a forçadas opções.

Esta é a lição da história que se retém, numa análise desapaixonada e factual.

O primeiro congresso dos bombeiros portugueses após a fundação da democracia em Portugal, o vigésimo primeiro, realizou-se na cidade de Lisboa, de 31 de Outubro a 3 de Novembro de 1974, e discutiu, entre outras, uma tese intitulada "Voluntariado: ainda uma esperança - apesar do quase nada que se fez sobre o muito que se disse."

Volvido cerca de meio século sobre a referida reunião magna, olhando a sinais de retrocesso, talvez se imponha meditar nas palavras do título apresentado e fazer a ponte de significação entre passado, presente e futuro.


Luís Miguel Baptista



Artigo relacionado: