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26 de janeiro de 2024

VOLTA AO INCÊNDIO EM BICICLETA


Pesquisa/Texto: Redacção F&H

"A necessidade aguça o engenho", diz o povo e fazem os bombeiros, por instinto e cultura, em nome da sua sustentabilidade enquanto instituição.
O citado provérbio leva-nos a recuar até ao ano de 1896, para conhecer a condição de Bombeiro Ciclista, dos Voluntários de Vila Nova de Famalicão.



Nos finais do século XIX, os serviços de incêndios dos países mais evoluídos dispunham, nas suas estruturas hierárquicas, da categoria-função de Bombeiro Ciclista, à luz do conceito de rapidez e eficácia no socorro prestado.

O facto despertou a atenção do então Presidente da Direcção da Associação dos Bombeiros Voluntários de Vila Nova de Famalicão (AHBVVNF), António José de Faria Brandão, propondo, de modo justificado, que a acção do respectivo Corpo de Bombeiros passasse a ser reforçada por um serviço munido de bicicleta, objectivado pela melhoria dos procedimentos de alarme e combate quando da deflagração de incêndios.

O Livro do Centenário da AHBVVNF, editado em 1990, esclarece-nos sobre a arrojada intenção e recorre a narrativa de época, descrevendo:

"Pelo senhor Presidente foi dito que, sendo difícil averiguar o local em que nas aldeias circunvizinhas a esta Vila se dão incêndios, apesar dos socorros reclamados por meio de toques e sinos, por não haver sinal convencionado a indicar em qual delas é, propunha que para este fim, e ainda para a pronta satisfação de qualquer pedido de material que naquela conjuntura seja necessário requisitar do Quartel, fosse criado o lugar de Bombeiro Ciclista (…)".

Ao mesmo tempo, revelando o pensamento responsável e estratégico do proponente, a mencionada fonte adianta:

"(…) partindo logo que o sinal de incêndio aqui fosse percebido, avisasse à chegada do material à freguesia, o sítio para onde tinha de seguir e as condições do incêndio."

Desconhece-se o efeito prático da proposta em termos de ocorrências e intervenções, mas é sabido que a iniciativa do Presidente da Direcção não se limitou à proposta apresentada. Conjuntamente com o seu Vice-Presidente, disponibilizou-se a custear a aquisição de uma bicicleta e de equipamento adequado à função, para poupar a instituição de encargo extraordinário.

De salientar que outrora as associações de bombeiros gozavam de absoluta autonomia, quer pela sua qualidade de entidades privadas, quer por não se encontrarem subordinadas ao poder tutelar do Estado em matéria operacional, nos termos que hoje conhecemos. Ou seja, perante qualquer situação que implicasse mudança na orgânica dos corpos de bombeiros, estavam desobrigadas de certos formalismos, exceptuando no seio associativo. A este propósito, e a título de curiosidade, refira-se que em anterior período, no ano de 1842, o Código Administrativo passou a cometer aos Administradores de Concelho a responsabilidade de "providenciar nos casos de incêndio, inundações, naufrágios e semelhantes". Somente no século XX, por via do Código Administrativo de 1936-1940, surgiu o primeiro regulamento de carácter global dos corpos de bombeiros, sendo criadas duas Inspecções de Incêndios, uma na Zona Norte e outra na Zona Sul, tema do qual nos ocuparemos em breve.

Quanto ainda à categoria-função de Bombeiro Ciclista, há notícia de que a 17 de Março de 1901, através de proposta do Comandante António Augusto Fiúza de Melo, foi aprovada a constituição do Grupo Ciclista Bombeiros Voluntários Auxiliares, de Vila Nova de Famalicão, integrado por 14 elementos.


Gravura: Bombeiros alemães