Tempestade de fogo
Apelidado de "Segundo Grande Incêndio de Londres" (por as suas dimensões lembrarem o Grande Incêndio de Londres de 1666), recordamo-lo a propósito da passagem dos 80 anos sobre o fim da II Guerra Mundial. Contextualizando, de 7 de Setembro de 1940 a 10 de Maio de 1941, sucederam-se 57 noites de bombardeamentos por parte da força aérea alemã contra a Grã-Bretanha, com vista à sua rendição: a temerosa campanha Blitz. Porém, foi em 29 de Dezembro de 1940 que ocorreu a maior ofensiva e, por conseguinte, o mais devastador incêndio. Durante todo o seu período, a Blitz causou danos nefastos em Londres e noutras principais cidades, mas, surpreendentemente, não afectou o moral dos ingleses. Um exemplo de resiliência para a humanidade.

Ler +

sexta-feira, 10 de janeiro de 2025

Bissau também honrou lema "Vida por Vida"

Pesquisa/Texto: Luís Miguel Baptista

O estudo das associações e corpos de bombeiros que, por diferentes contingências, foram extintas, é das tarefas mais desafiantes que a investigação histórica pode conhecer.
Em Bissau, enquanto capital da antiga Guiné Portuguesa, existiu um corpo de bombeiros voluntários cuja organização, à semelhança dos demais existentes nas províncias ultramarinas, obedecia ao modelo adoptado na metrópole.
A RTP Arquivos oferece-nos imagens desse tempo, reportando uma solenidade que se revestiu de interesse noticioso e até político.




Em ambiente de aparente acalmia, pois a guerra colonial mantinha-se latente, ocorreu a 24 de Fevereiro de 1971, no modelar quartel-sede dos Bombeiros Voluntários de Bissau (BVB), a cerimónia de condecoração do Bombeiro João Zacarias Pereira com a Medalha da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP), pelo salvamento de um homem que caíra num poço.

Na mesma oportunidade, foi promovido a Bombeiro de 1.ª Classe.

O General António de Spínola, então Governador e Comandante-Chefe das Forças Armadas da Guiné, presidiu ao acto, procedendo à imposição da referida distinção e à colocação das divisas.

Entre as entidades convidadas, destaca-se também o Presidente do Conselho Administrativo e Técnico da LBP, António de Moura e Silva, defensor acérrimo do fomento do associativismo e do voluntariado em bombeiros nas colónias portuguesas.

É justo referir o protagonismo das organizações da sociedade civil, na protecção de pessoas e bens, difundindo todos os seus agentes, de alma e coração, o sacrossanto espírito do bombeiro português.

A criação de bombeiros na cidade de Bissau teve um percurso atribulado. Depois de várias tentativas goradas, a Associação dos Bombeiros Voluntários de Bissau tornou-se realidade em 1951. Reconhecendo a mais-valia dos seus serviços, o Governo da Província da Guiné dispensou-lhe apoio, facto decisivo para que atingisse uma situação estável tanto ao nível de material como de instalações. 

O edifício apresentado na peça de reportagem fora inaugurado no dia 28 de Maio de 1960. Ainda hoje existe, acolhendo o Serviço Nacional de Protecção Civil e Bombeiros da Guiné-Bissau.

À data do evento, os BVB eram comandados por Guilherme Augusto Costa Monteiro da Fonseca e, conforme é visível, encontravam-se equipados com adequados meios operacionais.

O seu estandarte ostentava, orgulhosamente, desde 1968, as insígnias de Membro Honorário da Ordem de Benemerência, título conferido pela Chancelaria das Ordens Portuguesas, pretendendo agraciar a acção desinteressada da instituição em benefício da colectividade.

FOGO & HISTÓRIA apurou que o distinguido, de seu nome completo, João Zacarias António Pereira, veio a ser o primeiro comandante dos Bombeiros Voluntários de Bissau, no período da independência da Guiné-Bissau. Faleceu aos 47 anos de idade, segundo o Diário de Lisboa, de 2 de Junho de 1986, "vítima de enfarte no miocárdio, que lhe provocou paragem cardio-respiratória". Estava implicado na tentativa de golpe de Estado liderada por Paulo Correia, Vice-Presidente do Conselho de Estado da Guiné-Bissau, historicamente conhecida por "Caso 17 de Outubro".