Fotos: Junta de Freguesia de Ponte
Ponte, freguesia do concelho de Guimarães, já teve Bombeiros. Ali existiu, com início nos anos 40, o Corpo de Bombeiros Voluntários da Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães CBVCFTG), igualmente conhecido por Bombeiros Voluntários de Campelos.
São escassas as informações tendentes a historiar, com exactidão, o rumo do CBVCFTG, instalado no lugar de Campelos, na então denominada freguesia de S. João da Ponte, por inerência da própria localização da unidade de fiação.
A Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães (CFTG), sociedade anónima de responsabilidade limitada, foi fundada a 7 de Maio de 1890 e encontrava-se sediada em Guimarães, onde laborava a unidade de tecelagem, sendo considerada, no seu todo, como "uma das mais acreditadas e importantes empresas da indústria têxtil do País".
Também motor de desenvolvimento local, investiu em várias infraestruturas sociais, nomeadamente, escola para filhos dos operários, capela, duas centrais hidroeléctricas, cooperativa, creche e instalação de luz eléctrica nos bairros operários.
Depreende-se que o rol de melhoramentos, associado à expansão da fábrica e ao crescimento populacional, despoletou a necessidade de uma estrutura de prevenção e apoio, consubstanciada no funcionamento de um corpo de bombeiros, factor de tranquilidade para todos.
A notícia mais antiga que encontrámos relacionada com o assunto data de 28 de Julho de 1946 e dá conta de que estaria a ser estudada, pelos Bombeiros Voluntários de Guimarães (BVG), em atenção ao auxílio recebido da CFTG, a "criação de um posto de Bombeiros Voluntários no industrial e populoso lugar de Campelos", adiantando que seria "dotado com o material necessário para acudir em primeira emergência aos pedidos de socorro naquele próspero lugar".
De facto, segundo diferentes fontes consultadas, 1946 é o ano do começo, pelo menos, em termos de idealização. Porém, nada mais de concreto se sabe sobre os tempos imediatos, excepto notícias breves, mas de 1948, duas delas publicadas nos dias 22 e 27 de Fevereiro, que confirmam a fundação e a entrada em actividade do Corpo de Bombeiros, com o patrocínio dos BVG, passando a fazer parte, no capítulo social de S. João da Ponte, de "uma regular situação".

Surpreendentemente viemos a constatar, através do jornal Notícias de Guimarães, que a inauguração da denominada Corporação dos Bombeiros Voluntários de Campelos ocorreu em 19 de Junho de 1949, por ocasião de várias solenidades locais, sob a égide da Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães, cujo programa compreendeu a visita, ao quartel, do Arcebispo Primaz de Braga, D. António Bento Martins Júnior, e das restantes entidades convidadas, entre as quais o Governador Civil do Distrito de Braga, Major Armando Nery Teixeira.
Sabe-se que o Quadro Activo, constituído exclusivamente por operários, num total de mais de 20 elementos, tinha como comandante, Emílio Castelar Guimarães, antigo componente dos Bombeiros Voluntários de Guimarães e quadro superior da empresa, na qualidade de fiscal, pessoa de "muitos conhecimentos e larga prática". Quando faleceu, ainda se mantinha no exercício do cargo, informando, a propósito, o jornal Notícias de Guimarães, de 23 de Janeiro de 1955:
"O extinto, que era Comandante dos B. V. de Campelos, contava, tanto naquela povoação como nesta cidade, muitas amizades, tendo sido muito sentida a sua morte."
Tanto quanto conseguimos pesquisar, a fábrica entrou em crise a partir de 1956 e encerrou portas no ano de 1968.
Desconhece-se o material que munia o Corpo de Bombeiros. Porém, a primeira imagem, que parece ter sido captada na fase de arranque, atendendo à inexistência de fardamento, permite-nos identificar um carro de material com uma bomba braçal tipo americano e dois lanços de escadas de molas.
Os capacetes apresentados lembram os primitivos dos BVG, de origem alemã, fabricados de sola. Eram, segundo apreciação avalizada, de 1881, sólidos como os de produção inglesa, apesar de não tão elegantes. Para conhecimento, em 1946, foram ofertados aos bombeiros vimaranenses, pelo Comendador Alberto Pimenta Machado, novos capacetes de aço.
Curiosa, ainda, é a presença de dois bombeiros com clarins destinados aos toques indicativos de ordens, procedimentos e manobras durante os serviços.
Pelos elementos a que tivemos acesso, somos de opinião que o carácter privativo do Corpo de Bombeiros Voluntários da Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães impediu que o mesmo se desse a conhecer em suficiência. Este particular é transversal a outras organizações congéneres que existiram no território português, perdendo-se-lhes o rasto e vendo-nos impedidos de fazer melhor juízo sobre as correspondentes trajectórias.
Ponte, freguesia do concelho de Guimarães, já teve Bombeiros. Ali existiu, com início nos anos 40, o Corpo de Bombeiros Voluntários da Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães CBVCFTG), igualmente conhecido por Bombeiros Voluntários de Campelos.
Uma história que a memória parece não ter guardado em suficiência e que FOGO & HISTÓRIA, nesta sua edição, com as naturais limitações decorrentes da escassez de testemunhos, se propõe recuperar e dar a conhecer, para a compreensão mais completa e precisa do passado.

A existência de corpos de bombeiros com ligação a empresas fabris, ou seja, de características privativas, constituiu um caso vulgar no nosso país, nos finais do século XIX.

A existência de corpos de bombeiros com ligação a empresas fabris, ou seja, de características privativas, constituiu um caso vulgar no nosso país, nos finais do século XIX.
Os incêndios ocorriam de modo frequente. Não havia cuidados de segurança industrial, os sistemas de fabrico e as substâncias utilizadas acarretavam graves riscos, pelo que a probabilidade de acidentes tendia a ser forte.
Na tentativa de evitar o mal ou mitigar os efeitos danosos resultantes de qualquer situação anómala, muitos proprietários industriais concluíram da oportunidade de se resguardar, adquirindo material de combate a incêndios e organizando formalmente um núcleo de trabalhadores que, perante a mínima ameaça, entraria de prontidão. Assim despontaram, primeiro, os serviços de incêndios internos e, mais tarde, os corpos de bombeiros privativos, no sentido literal da expressão, tão bombeiros como os demais.
São escassas as informações tendentes a historiar, com exactidão, o rumo do CBVCFTG, instalado no lugar de Campelos, na então denominada freguesia de S. João da Ponte, por inerência da própria localização da unidade de fiação.
A Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães (CFTG), sociedade anónima de responsabilidade limitada, foi fundada a 7 de Maio de 1890 e encontrava-se sediada em Guimarães, onde laborava a unidade de tecelagem, sendo considerada, no seu todo, como "uma das mais acreditadas e importantes empresas da indústria têxtil do País".
Também motor de desenvolvimento local, investiu em várias infraestruturas sociais, nomeadamente, escola para filhos dos operários, capela, duas centrais hidroeléctricas, cooperativa, creche e instalação de luz eléctrica nos bairros operários.
Depreende-se que o rol de melhoramentos, associado à expansão da fábrica e ao crescimento populacional, despoletou a necessidade de uma estrutura de prevenção e apoio, consubstanciada no funcionamento de um corpo de bombeiros, factor de tranquilidade para todos.
A notícia mais antiga que encontrámos relacionada com o assunto data de 28 de Julho de 1946 e dá conta de que estaria a ser estudada, pelos Bombeiros Voluntários de Guimarães (BVG), em atenção ao auxílio recebido da CFTG, a "criação de um posto de Bombeiros Voluntários no industrial e populoso lugar de Campelos", adiantando que seria "dotado com o material necessário para acudir em primeira emergência aos pedidos de socorro naquele próspero lugar".
De facto, segundo diferentes fontes consultadas, 1946 é o ano do começo, pelo menos, em termos de idealização. Porém, nada mais de concreto se sabe sobre os tempos imediatos, excepto notícias breves, mas de 1948, duas delas publicadas nos dias 22 e 27 de Fevereiro, que confirmam a fundação e a entrada em actividade do Corpo de Bombeiros, com o patrocínio dos BVG, passando a fazer parte, no capítulo social de S. João da Ponte, de "uma regular situação".
Curiosamente, analisando-se o balanço financeiro da companhia, reportado a 31 de Dezembro de 1946, constatamos que a mesma investiu, nesse ano, em material de incêndios, o valor de 3.900$00.

Surpreendentemente viemos a constatar, através do jornal Notícias de Guimarães, que a inauguração da denominada Corporação dos Bombeiros Voluntários de Campelos ocorreu em 19 de Junho de 1949, por ocasião de várias solenidades locais, sob a égide da Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães, cujo programa compreendeu a visita, ao quartel, do Arcebispo Primaz de Braga, D. António Bento Martins Júnior, e das restantes entidades convidadas, entre as quais o Governador Civil do Distrito de Braga, Major Armando Nery Teixeira.
Sabe-se que o Quadro Activo, constituído exclusivamente por operários, num total de mais de 20 elementos, tinha como comandante, Emílio Castelar Guimarães, antigo componente dos Bombeiros Voluntários de Guimarães e quadro superior da empresa, na qualidade de fiscal, pessoa de "muitos conhecimentos e larga prática". Quando faleceu, ainda se mantinha no exercício do cargo, informando, a propósito, o jornal Notícias de Guimarães, de 23 de Janeiro de 1955:
"O extinto, que era Comandante dos B. V. de Campelos, contava, tanto naquela povoação como nesta cidade, muitas amizades, tendo sido muito sentida a sua morte."
Tanto quanto conseguimos pesquisar, a fábrica entrou em crise a partir de 1956 e encerrou portas no ano de 1968.
Desconhece-se o material que munia o Corpo de Bombeiros. Porém, a primeira imagem, que parece ter sido captada na fase de arranque, atendendo à inexistência de fardamento, permite-nos identificar um carro de material com uma bomba braçal tipo americano e dois lanços de escadas de molas.
Os capacetes apresentados lembram os primitivos dos BVG, de origem alemã, fabricados de sola. Eram, segundo apreciação avalizada, de 1881, sólidos como os de produção inglesa, apesar de não tão elegantes. Para conhecimento, em 1946, foram ofertados aos bombeiros vimaranenses, pelo Comendador Alberto Pimenta Machado, novos capacetes de aço.
Curiosa, ainda, é a presença de dois bombeiros com clarins destinados aos toques indicativos de ordens, procedimentos e manobras durante os serviços.
Pelos elementos a que tivemos acesso, somos de opinião que o carácter privativo do Corpo de Bombeiros Voluntários da Companhia de Fiação e Tecidos de Guimarães impediu que o mesmo se desse a conhecer em suficiência. Este particular é transversal a outras organizações congéneres que existiram no território português, perdendo-se-lhes o rasto e vendo-nos impedidos de fazer melhor juízo sobre as correspondentes trajectórias.
Apesar do contexto, quanto ao CBVCFTG, há certeza de que a sua estrutura e os seus agentes se inspiraram na doutrina dos bombeiros de Portugal, integrando-se, naturalmente, por mérito próprio, nos melhores entre os melhores servidores da causa.
A prova dessa virtude tem sido divulgada, e bem, pela Junta de Freguesia de Ponte, que no respectivo site, na área reservada à história local, mantém viva memória dos antigos bombeiros, perpetuando-os e glorificando-os junto da comunidade.