Pesquisa/Texto: Redacção F&H
Fotos: Bombeiros Voluntários de Vizela
Há algum tempo, porém, o Natal ali assinalado tinha uma expressão diferente daquele que hoje acontece, revestindo-se de carácter eminentemente social, o que obriga à contextualização sociocultural do país e das instituições numa era de prevalecente caridade.
A título de exemplo, nas décadas de 1950 e 1960, a vida em Portugal não era fácil.
Havia acentuada diferença de classes e grandes limitações entre a população desfavorecida.
Havia acentuada diferença de classes e grandes limitações entre a população desfavorecida.
No plano do trabalho, predominavam as profissões dos sectores primário e secundário, por norma, subordinadas a condições sub-humanas e a baixos salários.
Essa era, no fundo, a realidade social dos agregados familiares de larga percentagem de elementos que integravam os quadros activos dos corpos de bombeiros, e que se viam sujeitos a privações de variada ordem.
Os hábitos de vida não ofereciam melhor opção de escolha senão trabalhar o mais possível para garantir o sustento da família, sendo os períodos de ócio passados no desempenho da actividade de bombeiro voluntário.
O Natal era, portanto, um momento em que muitos se sentiam especialmente confortados por via das ofertas recebidas, na generalidade, note-se, as únicas que lhes estavam destinadas.
Essa era, no fundo, a realidade social dos agregados familiares de larga percentagem de elementos que integravam os quadros activos dos corpos de bombeiros, e que se viam sujeitos a privações de variada ordem.
Os hábitos de vida não ofereciam melhor opção de escolha senão trabalhar o mais possível para garantir o sustento da família, sendo os períodos de ócio passados no desempenho da actividade de bombeiro voluntário.
O Natal era, portanto, um momento em que muitos se sentiam especialmente confortados por via das ofertas recebidas, na generalidade, note-se, as únicas que lhes estavam destinadas.
Quer por iniciativa directa das associações, quer através do apoio solidário das populações, procedia-se à distribuição de bodos de Natal pelos bombeiros.
Habitualmente, os bodos viam-se consubstanciados na reunião de diversos géneros alimentícios (bacalhau, arroz, açúcar, azeite, pão de milho, batatas, cebolas, frutas e vinhos) e na entrega de donativos em dinheiro.
Os mais novos, filhos dos bombeiros, além de presenteados com brinquedos, bolos, pacotes de rebuçados, peças essenciais de vestuário ou calçado, tinham ainda reservados para si programas recreativos, preenchidos e abrilhantados por artistas locais que actuavam graciosamente.
Apesar das limitações financeiras vividas no seio das instituições, Direcções e Comandos desdobravam-se em sacrifícios para proporcionar a todos os bombeiros e suas famílias um Natal feliz e digno.
Os quartéis de bombeiros eram assim, por excelência, de Norte a Sul de Portugal, espaços convertidos em alargada magia, pois que, nalguns casos, as ofertas abrangiam os mais carenciados das localidades, verificando-se da parte das associações uma acção semelhante àquela que na actualidade se encontra cometida às juntas de freguesia e às instituições particulares de solidariedade social.
"Onde estiver um bombeiro deve estar sempre um amigo dos animais, um amparo dos fracos e um protector das crianças, dos velhos, das mulheres e dos humildes."
As palavras citadas, da "Legenda do Bombeiro", uma das muitas inspirações literárias do Comandante Álvaro Valente, dos Bombeiros Voluntários do Montijo, figuravam então quase de modo obrigatório na mais destacada parede de qualquer aquartelamento, traduzindo, mais do que um princípio orientador, um permanente estado de espírito, inclusive, com repercussão no Natal de todos e de cada um.