
"Um museu é uma instituição permanente, sem fins lucrativos e ao serviço da sociedade, que pesquisa, coleciona, conserva, interpreta e expõe o património material e imaterial. Abertos ao público, acessíveis e inclusivos, os museus fomentam a diversidade e a sustentabilidade. Com a participação das comunidades, os museus funcionam e comunicam de forma ética e profissional, proporcionando experiências diversas para educação, fruição, reflexão e partilha de conhecimento."
Esta é a nova definição de museu, segundo o International Council of Museums (ICOM), convencionada pela Assembleia Geral Extraordinária daquele organismo, reunida em Praga, a 24 de Agosto de 2022.
Refira-se que o ICOM constitui "a maior organização internacional de museus e profissionais de museus dedicada à preservação e divulgação do património natural e cultural mundial, do presente e do futuro, tangível e intangível".
Em Portugal, e no que concerne à Instituição-Bombeiros, há uma tendência excessiva e precipitada de atribuir a palavra museu a qualquer espaço onde se encontrem concentradas peças antigas, tenham elas valor museológico ou não.
Realisticamente, exceptuando um conjunto reduzido de autênticos e excelentes museus de bombeiros, porque concebidos de raiz com lógica e técnica, o que existe, em abundância, nos quartéis, são salas-museu.
Nessas dependências encontramos de tudo um pouco, na maioria dos casos, exposto sem critério e, naturalmente, sem olhar aos cuidados inerentes à organização e conservação de uma colecção museológica.
O próprio restauro, tema para um próximo editorial, carece de base sólida.
Significa, portanto, que é um erro pensar-se, de modo generalizado, na certificação dos espaços museológicos pertencentes a bombeiros, quando há todo um trabalho a montante por fazer.
O avanço que os bombeiros de vários países levam neste domínio, decorrente de outras dimensões culturais que sempre reconheceram a importante função social da história, não encontra paralelo em Portugal.
Primeiramente, no nosso rectângulo à beira-mar plantado, importa gerir os acervos em profundidade.
Para o efeito, e porque as associações humanitárias de bombeiros não dispõem de recursos, seria desejável o fomento de parcerias protocoladas com museus e demais serviços culturais detidos pelos municípios, no âmbito da assessoria técnica, em ordem a qualificar as intervenções necessárias.
Atingido tal desiderato, então, sim, faria sentido agir com mais ambição, sem, no entanto, primeiro, conceber e implementar, formal e literalmente, um plano nacional de preservação e divulgação da história dos bombeiros portugueses.
Os processos de certificação revestem-se de interesse e, quando concluídos, conferem credibilidade, mas por enquanto dever-se-ão cingir, apenas, aos museus na verdadeira acepção da palavra. A sua banalizada aplicação, sem olhar a critérios de qualidade e, porventura, com o desmesurado propósito de mostrar serviço, poderá acarretar resultados perniciosos e até injustos.
Jornalista
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